sexta-feira, 27 de maio de 2016

Síndrome ou Efeito Genovese, Ou o que Podemos Aprender com a Criminologia.

Kitty Genovese foi uma atendente de bar assassinada dia 13 de março de 1964, e seu assassinato teve como testemunhas cerca de 38 pessoas que não fizeram nada. Ela é essa moça da foto.

Mas o importante disso tudo é entender o que levou um monte de gente ter ouvido gritos, já que o ataque foi brutal, ela lutou por um bom tempo pela vida, pediu socorro e várias pessoas simplesmente ignoraram. Esse caso pode ser visto em detalhes no programa Crimes que Ficaram na História do canal Investigação Discovery. E foi nesse programa que foi abordado um fenômeno social chamado O Problema do Espectador ou Síndrome de Genovese.

Esse fenômeno se refere à tendência das pessoas de acharem que quanto mais pessoas testemunharem um crime, menores são as possibilidades de alguém ajudar. Isso provavelmente acontece por vários fatores, um deles por achar que outra pessoa vai ajudar, ou mesmo porque o problema não é dela. E basicamente foi isso que aconteceu com a Kitty Genovese, a área onde ela foi assassinada era nada mais, nada menos que o Queens, bairro super urbanizado de Nova York. Os gritos puderam ser ouvidos por toda a vizinhança, e até que finalmente alguém resolveu ligar para a polícia já era tarde. Nesse tempo várias coisas poderiam ser feitas, inclusive alguém tentar afugentar o agressor.

Quando a polícia apareceu e começou a colher os depoimentos, ouviu uma série de desculpas esfarrapadas. lamentável.

Andei refletindo muito sobre esse caso, ele possivelmente explica vários outros casos que não estão inseridos no contexto criminal. Temos algumas perguntas abaixo.

1 ) Quantas vezes num trabalho em equipe as pessoas deixam de fazer sua parte por achar que alguém vai fazer?
2 ) Quantas vezes a gente deixa de limpar uma rua por achar que outro vai limpar?

São eventos que parecem se adequar à lógica do que aconteceu com a Kitty, lembro quando morei num pensionato de freiras junto com 70 pensionistas e mais as 10 freiras residentes. Muitas vezes era normal alguém deixar de fazer alguma coisa por achar que havia mais de 70 pessoas que podem fazer. Eu mesma me via lavando minhas mãos eventualmente. Agora que moro sozinha toda responsabilidade é só minha.

Claro que isso como todo fenômeno social não dá pra generalizar, no caso da Isabela Nardoni eu soube que as linhas da emergência ficaram congestionadas de gente ligando e pedindo ajuda. Alias graças a essas ligações foi possível montar uma boa parte da linha do tempo dos acontecimentos. Mas mesmo assim acho útil tomarmos cuidados quanto a isso. Que se dane que outras pessoas viram e podem fazer alguma coisa, essas outras pessoas podem estar pensando a mesma coisa que você.


quarta-feira, 2 de março de 2016

Lisa Montgomery e sua Escola do Mal

A criminalidade em todos os níveis sempre foi algo que me interessou, e muito. Por isso resolvi escrever sobre alguns casos interessantes, sobretudo aqueles onde a maldade humana é incompreensível até mesmo para os maiores especialistas da mente criminosa. Isso nos traz a figura abjeta que dá nome ao texto. Lisa Montgomery.

Quem foi Lisa Montgomery? Aparentemente era uma dona de casa e mãe comum, até que uma jovem mulher a espera de seu primeiro filho cruzou o seu caminho. Essa jovem era Bobbie Jo Sttinett. As duas começaram a se corresponder pela internet por supostas afinidades, uma dessas afinidades seria a paixão por uma raça específica de cachorros. Outra que estariam ambas grávidas prestes a dar a luz.

Mas a gravidez de Lisa Montgomery nunca existiu, e a aproximação com Bobbie Jo era um ardil maligno. Um certo dia, Lisa Montgomery marcou uma visita à Bobbie Jo, alegando que queria ver uns cachorros, e quando lá chegou apunhalou Bobbie Jo, esfaqueou, e fez um corte na barriga para retirar o bebê, uma menina. O objetivo era roubar o bebê e alegar que ela deu a luz e a criança era dela. Felizmente o caso foi resolvido rapidamente pelas autoridades policiais, a criança foi recuperada, e Lisa Montgomery presa, essa mulher foi a primeira mulher a entrar para o corredor da morte por um crime que foi considerado federal.

Como se não bastasse, houve também o caso de Sarah Brady, nesse caso uma moça chamada Katie Smith, tentou praticar o mesmo crime, mas nesse caso Sarah num rompante resolveu que não ia deixar barato e lutou, claro que o contexto todo do encontro já havia dado sinais que havia algo errado, ela já estava na defensiva, Bobbie Jo não teve esse tempo pra reagir. O fato é que Sarah Brady acabou esfaqueando sua algoz em legítima defesa. Nesse caso quem se deu mal foi quem quis fazer o mal. Katie Smith também tinha como objetivo fazer um parto forçado em Sarah pra ficar com o bebê, ela também estava mantendo uma gravidez falsa.

Nesse fim de semana surgiu outro caso idêntico a esses no canal Investigação Discovery. Só nesse canal já foram uns 8 casos semelhantes, onde temos uma grávida feliz a espera de um filho, e do outro uma mulher aparentemente frustrada, mas com certeza cheia de problemas se passando por grávida e se aproxima de uma grávida de verdade pra roubar o bebê, e como efeito o ato pode acabar em morte. Nesses casos, nem sempre a morte é certa. Mas sempre alguém acaba seriamente machucada.

Provavelmente esse tipo de crime seja um dos mais perversos que se pode imaginar. E também um dos menos documentados, o que sugere que para chegar a cometer essa atrocidade é necessário uma raríssima natureza maligna, um tipo de maldade capaz de gelar a espinha dos mais sanguinários assassinos. Não posso afirmar que Lisa Montgomery tenha sido a primeira a fazer isso, mas não foi nem de longe a única, nem a última.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Conhecendo os Amishes

É muito provável que os Amishes sejam um dos grupos de pessoas mais misteriosos que existem, pelo menos no mundo ocidental. No Ocidente de hoje temos bastante informação de quase tudo, desde que essas informações sejam divulgadas. Mas durante muito tempo os Amishes, em parte por eles viverem isolados, sem acesso a meios elétricos e eletrônicos era mais complicado saber algo sobre eles.

Mas por que eu resolvi escrever sobre eles? Apenas pra deixar registradas algumas coisas que andei descobrindo. E como eu descobri? Simples. Eles resolveram se abrir mais para o mundo, sim. Desde o ano passado o canal Investigação Discovery andou mostrando histórias desse povo. Num programa chamado Cultos Mortais apresentaram dois casos criminais envolvendo os Amishes, em outro programa chamado Histórias de Assombrações, os próprios Amishes resolveram falar sobre casos sobrenaturais e misteriosos que circulam pelas suas comunidades. E sinceramente, nesse caso sem ironia nenhuma da minha parte, encontrei bastante coisas interessantes sobre eles. Muito alem do exotismo de não usar eletricidade, e serem visivelmente anacrônicos para os tempos modernos.

Uma das primeiras coisas que me chamou atenção foi a língua, isso chamou atenção pelo fato de que no programa sobre assombrações eles falavam uma língua e havia uma legenda, isso num programa dublado, então é claro que eles estariam falando algo que não é inglês, descobri por pesquisas que essa língua seria o "alemão da Pensilvânia", já que eles descendem de povos da parte alemã da Suíça, e um dos líderes teria sido holandês. Isso justifica o fato deles chamarem todos que não são Amishes de "ingleses", sim eles usam essa definição da forma mais genérica possível.

A religião deles é um segmento de anabaptistas que mistura elementos tanto do catolicismo, quanto do protestantismo, não estou dizendo isso por serem anabaptistas, estou dizendo que no caso deles ocorre essa mistura de elementos. E descobri que pelas histórias de assombrações, eles afirmam que fantasmas não existem, mas de alguma maneira eles acreditam que algumas coisas são portas de entrada para o demônio. Mas aparentemente o ceticismo deles não inibe que coisas estranhas aconteçam. Inclusive bruxas nascendo nas comunidades, em 8 episódios onde contavam duas histórias por episódio, pelo menos uma das histórias envolvia uma bruxa. As bruxas não eram bem vistas, costumavam ser banidas, e coisa que não ficou muito clara, elas sempre acabavam morrendo cedo. E quando uma bruxa morre eles têm por hábito plantar uma árvore sobre o túmulo, não querem espírito de bruxa vagando entre eles, mas mesmo assim eles afirmam não acreditar em fantasmas, vai entender...

Outra coisa que descobri ser uma porta para a entrada do demônio são inocentes bonecas, embora eu tenha pânico de bonecas, para o bem da explicação vamos assumir que sejam inocentes. Falo de qualquer boneca que podemos imaginar, desde aquelas com aspecto de bebês até as Barbies. Qual o problemas com elas? Simples, elas possuem rostos, eles não admitem essa representação humana em quadros e bonecas. As bonecas que as meninas brincam devem ser de pano e sem rostos. Elas devem ser assim. Mas se querem que eu seja absolutamente sincera, acho que essas bonecas são mais sombrias que o normal.

Descobri também que eles têm a chance de escolher continuar na comunidade. Isso acontece quando completam 16 anos, eles podem levar a vida dos "ingleses" por 1 ano, e ao final desse tempo podem permanecer nesse mundo, ou voltar para a comunidade e confirmar- se como membro fiel do grupo. Pelo que eu percebi muitos acabam voltando mesmo, e decididos a levar esse estilo de vida adiante.

Mas de qualquer maneira sou simpática a eles. Afinal eles seguem seus princípios vivendo na deles, não ficam por aí como grupos que conhecemos bem que saem catequizando, tentando converter mais gente para a religião deles, vendo esses programas deu até vontade de passar uma semana com eles. Deve ser relaxante.  Sei que no canal NatGeo já foi mostrada uma experiência com 6 jovens ingleses (dessa vez sem aspas, porque vieram da Inglaterra mesmo) rebeldes, eles teriam que passar por várias comunidades Amishes pra viver esse estilo mais simples. No início estranharam muito, mas lá pelas tantas foram se acostumando e aprendendo a respeitar as famílias. E sobre respeito os Amishes parecem entender muito bem. E sobretudo confesso que passei a gostar deles. Se querem saber, eles são bem legais.